domingo, 13 de julho de 2025

E a morte não terá domínio

Publicação original em 20 de junho de 2010.


"E a morte não terá domínio" (And death shall have no dominion),

por Dylan Thomas

(Tradução de Sérgio Barroso revista em 13 de julho de 2025)


E a morte não terá domínio.

Os mortos, despidos, se unirão

Ao senhor do vento e à lua poente;

Quando forem brancos os ossos e os ossos brancos se forem,

Calçarão estrelas dos pés à cabeça;

Mesmo que enlouqueçam, volverão sãos;

Mesmo que se afoguem, reemergirão;

Perdem-se os amantes, mas o amor, não;

E a morte não terá domínio.


E a morte não terá domínio.

Sob as voltas do mar

Os que há muito jazem podem voltar;

Sob tortura até a fibra romper,

Mesmo em suplício, não ousam ceder;

A fé, em suas mãos, se partirá,

E monstruoso mal, através deles, passará;

Mas, mesmo partidos, não se quebrarão;

E a morte não terá domínio.


E a morte não terá domínio.

Aos seus ouvidos, as gaivotas podem nunca mais cantar

No mar, as ondas podem nunca mais soar;

Onde a flor soprou, talvez a flor

Contra a chuva, nunca mais possa levantar;

Mas mesmo loucas e mortas como pregos em portas,

Suas coroas ladearão as margaridas;

Vão contra o sol até que o sol não venha mais,

E a morte não terá domínio.

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