Napalm Breakfast é o nome que dei a este blog no fim de junho de 2010. É uma referência a falas do Tenente-Coronel Bill Kilgore, interpretado por Robert Duvall no filme Apocalypse Now. Naquela época eu tinha um interesse especial pelo tratamento dado a temas militares e ultraviolência em vários tipos de mídia. Daí em diante, o conteúdo do blog passou a incluir crônicas, cópias e fichamentos - geralmente esparsos e sem um propósito bem definido. Os assuntos que eu copiava ou sobre os quais escrevia iam da história da arte até a análise de textos filosóficos, esbarrando em simbologia esotérica e temas de ciência da informação. Era uma espécie de sketchbook digital, e foi muito divertido criar conteúdo dessa maneira por um tempo.
Mas, como acontece com outros formatos de mídia ao longo dos anos, esqueci meu blog em meados de 2012. Acredito que muitos amigos também me acompanharam nesse movimento. Provavelmente fomos tragados pelos recursos de outra rede social das Big Techs. No entanto, algo me trouxe de volta. Não me refiro aos sentimentos que continuam me afastando de redes sociais há bastante tempo, mas a uma sucessão de reflexões e descobertas (tardias) que me aproximou da literatura sobre hipertexto e hipermídia - termos empregados na sua acepção computacional, não semiótica.
Cotidianamente, hipertexto é um termo que denota, simplesmente, a estrutura de utilização e sobreposição de links em páginas de Internet, sejam elas estáticas ou dinâmicas, geridas por indivíduos ou grandes comunidades. Designa também a linguagem de marcação que estrutura as informações armazenadas em weblogs como este. Mas hipertexto e hipermídia podem ser muito mais do que isso, e é essa inspiração, essa possibilidade que animavam Ted Nelson quando primeiro descreveu esses termos ainda na década de 1960.
É possível que tenham sido construídas na Internet estruturas virtuais capazes de abarcar as ideias de Ted Nelson. Wikis e fóruns virtuais são boas demonstrações disso. Receio que nem todo o público aproveite espaços virtuais de livre criação com pretensões parecidas, ricamente interconectados por links e providos com caixas informativas flutuantes e coisas do tipo. Mas a simples existência de projetos que chegam muito próximo de uma hipermídia "ideal" é muito inspiradora para mim. E nossos antigos blogs eram algo assim também.
Levando tudo isso em conta, pretendo resgatar aqui algo do que se perdeu nos últimos anos. Não será nada de muito audacioso, não tenho pretensões inovadoras. Só desejo fazer perdurar o que senti neste espaço no passado. O novo conteúdo deve incluir textos informativos/fichamentos sobre tópicos relacionados ao que estudo profissionalmente (filosofia contemporânea, epistemologia analítica, filosofia da ciência etc), temas transversais ao meu trabalho (análise filosófica sobre temas da estatística, probabilidade, matemática, tecnologia, computação, lógica, estruturas conceituais, ciências cognitivas etc) e de vez em quando algo mais voltado para meus interesses pessoais (retrocomputação, reparos, elétrica e eletrônica, música, literatura, cultura e sociedade, movimentos anti-autoritários, história do sindicalismo latino-americano etc).
Encerro aqui. Por enquanto.