Publicação original em 20 de junho de 2010.
"E a morte não terá domínio" (And death shall have no dominion),
por Dylan Thomas
(Tradução de Sérgio Barroso revista em 13 de julho de 2025)
E a morte não terá domínio.
Os mortos, despidos, se unirão
Ao senhor do vento e à lua poente;
Quando forem brancos os ossos e os ossos brancos se forem,
Calçarão estrelas dos pés à cabeça;
Mesmo que enlouqueçam, volverão sãos;
Mesmo que se afoguem, reemergirão;
Perdem-se os amantes, mas o amor, não;
E a morte não terá domínio.
E a morte não terá domínio.
Sob as voltas do mar
Os que há muito jazem podem voltar;
Sob tortura até a fibra romper,
Mesmo em suplício, não ousam ceder;
A fé, em suas mãos, se partirá,
E monstruoso mal, através deles, passará;
Mas, mesmo partidos, não se quebrarão;
E a morte não terá domínio.
E a morte não terá domínio.
Aos seus ouvidos, as gaivotas podem nunca mais cantar
No mar, as ondas podem nunca mais soar;
Onde a flor soprou, talvez a flor
Contra a chuva, nunca mais possa levantar;
Mas mesmo loucas e mortas como pregos em portas,
Suas coroas ladearão as margaridas;
Vão contra o sol até que o sol não venha mais,
E a morte não terá domínio.